Olá!
Não sei exatamente quando você estará lendo este texto. Escrevo em uma época em que há uma resposta-padrão de brincadeira chamada Não sou obrigada. Espero que isso não cause nenhuma confusão e os desatentos entendam Sou obrigada.
Por aqui é Só obrigada mesmo! E por quê? A motivação em me redescobrir na escrita (muitos futuros posts sobre isso) veio de uma conversa trivial numa consulta com a fono da Gabi (você também vai ouvir falar muito dela).
Mas voltando ao assunto, estava conversando sobre um livro infantil com a fono e meu filho interrompeu: - Minha mãe já escreveu um livro, sabia?
Sou daquelas que se alguém elogia a roupa, tenho resposta pronta: Promoção. Se é o cabelo: Sujeira. Enfim, não sei lidar com elogios. Rs. E assim que Miguel (você tb vai ter overdose de parágrafos com esse nome) falou que já escrevi livros rebati: - Mas não são de ficção! Como se isso fosse tornar meus escritos maiores ou menores. Eita mecanismo de defesa tolo esse meu!
Fiquei me perguntando o quanto a gente perde um pouco da gente no caminho da vida. Quando criança, eu gostava de fazer poesia. Mais tarde, contos. Na faculdade e Mestrado, nada me dava mais prazer do que transformar as leituras, as muitas xícaras de café e minha lente do mundo em artigos.
Nesse mesmo dia cheguei em casa e encontrei uma mensagem da minha mãe: - Filha, li o texto que escreveu essa semana e chorei de novo. Acho que você deveria voltar a escrever."
O texto tinha sido uma publicação com a foto da minha bebê em seu primeiro 8 de março. Havia escrito assim:
"Minha filha, esse é o seu primeiro 08/03. Mamãe recebeu vários textos lindos, mas não repassou nenhum. Não é que eu não considere a data importante. Mas eu comemoro esse dia quando ensino ao seu irmão que ele não deve te vigiar ou quando ele canta "com quem será" e diz "vai depender se ela mesma vai querer". Eu comemoro esse dua aproveitando as oportunidades pra estudar e fazer minhas escolhas considerando também os meus desejos (embora depois que se tenha filhos, tem que rolar certo policiamento para que o desejo pessoal siga em primeiro plano às vezes). Eu comemoro quando vejo o brilho no seu olhar de curiosidade e prometo incentivá-lo todos os dias. Quando converso com alguém para explicar que mulheres de burca também são estupradas e isso significa que a de saia curta não pediu!
Eu pretendo fazer minha parte para que todos os dias a gente possa celebrar o dia 08/03."
Publiquei meus devaneios no facebook e recebi incentivo para escrever. Pensei: por que não posso aceitar elogios de bom grado e responder apenas Obrigada? Sem justificativas. Sem obrigada, mas essa roupa foi uma pechincha.
Só obrigada.
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